NOtÍCIAS

Fique por dentro das notícias recentes e acompanhe as alterações de Comex

Camex avalia futuro da retaliação contra EUA.

Fonte: Valor Econômico

Por: Assis Moreira
GENEBRA – Cresce nos meios comerciais a expectativa sobre a decisão que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) deverá tomar hoje sobre o futuro da retaliação que o Brasil pretende aplicar contra os Estados Unidos na disputa do algodão.
Na quinta-feira, o governo americano pediu ao Brasil para adiar por 60 dias, ou seja, até junho, a entrada em vigor da retaliação contra produtos americanos, para dar tempo de negociar uma solução amigável que, na prática, suspenderia a sanção.
A resposta brasileira foi, porém, de que se Washington quiser evitar a retaliação precisaria apresentar até hoje, por escrito, um compromisso de ajuste nos programas de crédito a exportação e uma compensação financeira para o setor de algodão, para ser examinado pela Camex hoje. Do contrário, a sobretaxa em produtos americanos começará a ser aplicada na quarta-feira.
Se chegar a proposta americana, então a Camex decidirá se há chances de atender à demanda de Washington.Depois das negociações bilaterais na quinta-feira, em Brasília, o sentimento que foi passado ao setor privado foi de \”perspectiva positiva\”, de que os EUA aceitariam fazer \”ajuste de programas (americanos) e compensação para desenvolvimento na área agrícola\”, conforme afirmou o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha.
\”Percebemos uma mudança de postura do lado americano, que veio disposto à negociação concreta para uma solução amigável\”, disse o embaixador junto a Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo. Foi ele quem negociou em Brasília com o subsecretário americano de agricultura, Jim Miller, detalhes envolvendo a sanção, compensação e implementação da decisão da OMC para os EUA acabarem os subsídios condenados a seus produtores de algodão.
Mas Azevedo avisou: \”Se não surgir algo concreto até esta segunda-feira, a retaliação seguirá seu curso a partir da quarta-feira\”. A primeira parte da sanção, sobre bens, será complementada depois por retaliação também em serviços e patentes.
Até recentemente, os EUA se limitavam a acenar com \”promessa de bom relacionamento\” que poderia dar frutos mais tarde, caso o Brasil não aplicasse a retaliação aprovada pela OMC. Somente na quinta-feira, a alguns dias da sanção, é que uma delegação americana que foi a Brasília, chefiada pela representante comercial adjunta Miriam Sapiro, parece ter compreendido que o governo Lula não tinha como voltar atrás na sanção e não aceitaria só promessas.
Uma fonte próxima dos americanos disse que os EUA \”estão dispostos a negociar tudo\” com o Brasil, desde que a sanção não seja acionada. Topariam até um prazo mais curto que os 60 dias pedidos, para definir um cronograma para o acordo.
Os americanos deixaram claro seus limites, por exemplo, não têm como se comprometer com a eliminação dos subsídios até que o Congresso volte a discutir uma nova Lei Agrícola, em 2012. De outro lado, a Casa Branca tem margem para agir na área de créditos a exportação agrícola, que passa subsídios ilegais e turbina vendas americanas.
Ou seja, a administração Obama não pode mudar o formato do programa, mas pode mudar prazos, prêmio de seguro e cronograma de reembolso dos créditos a exportação, o que atende parcialmente aos brasileiros.
\”Mas para evitar a retaliação na quarta-feira é preciso detalhes por parte dos americanos do que vamos receber, porque isso não está claro ?, disse Haroldo Cunha, da Abrapa.
A compensação é para o período em que os EUA não desmontarem os subsídios. Um fundo para pesquisa na agricultura brasileira, com recursos americanos, sempre esteve na ordem do dia. Como sempre, o problema está nos detalhes, ou na falta deles.
]]>